segunda-feira, 1 de agosto de 2011

E SE NÃO FOSSE A CANA?

Texto publicado na Revista Evidência TOP de julho. 

Bom, pelo título que dei ao texto, muitos podem pensar que vou tratar do agronegócio ou então das intermináveis queimadas que acabam com nossa saúde no período de safra do “ouro verde”. Pois não, vou tratar aqui da embriaguez provocada pelas “biritinhas”, pelo “mé”, pela “marvada”...chamem como quiser, deixando claro que não entrarei em méritos de envasamentos, destilações e sabores. Sendo mais clara, qualquer bebida alcoólica, certo?

Diante dessa total apologia ao consumo de bebidas alcoólicas, em que tudo é lindo e divertido a partir do momento em que o primeiro gole desce redondo pela garganta, a minha pergunta é: quem nunca ficou, pelo menos, alegrinho com a danada, hein?
Cada um reage de uma forma à embriaguez, mas quem se diverte mesmo são os que ficam sóbrios. Divertem-se ou perdem logo a paciência, porque bêbado chato ninguém merece!
Sem entrar em especificidades do caminho que o álcool faz no corpo, o que chama mais atenção são as reações que ele provoca no comportamento humano. Tem quem saiba seu limite, mas tem também os que o ultrapassam totalmente e aí... aí entorna o caldo!
As fases da bebedeira são muitas e destacam-se algumas:
- Fase da risadinha ou da euforia alcoólica: ocorre a partir da primeira dose. É aquele momento de descontração. Os risos tornam-se sem controle. Se o bêbado pega o cardápio do bar então, nossa... acha logo que é um livro de piadas. Dependendo da “resistência” da pessoa, as risadas tornam-se tão incontroláveis que lágrimas começam a “jorrar dos olhos”. Como a vida é bela!;
- Fase da depressão: se a pessoa “souber parar”, a fase da risadinha dura cerca de meia hora, passando logo pra fase da depressão. O sono bate, o papo dos colegas da mesa não tem mais tanta graça... o bêbado se cala. É uma fase de reflexão, olhar perdido no horizonte (mesmo que esse horizonte seja o banheiro do bar). Essa fase de introspecção termina em um “galera, tô indo embora. Tenho que trabalhar amanhã!”. Aiai... não sabe beber, não brinca!;
Bom, pra quem “sabe” beber, mas geralmente ultrapassa alguns limites, posso listar aqui outras fases:
- Fase equilibrista e da visão multiplicada: é meu amigo, nesta fase o mundo vive um terremoto, só esqueceram de te avisar. As coisas entram na sua frente, caem da sua mão, você perde a comanda do bar... sua sorte é ter “amigos muletas” para apoiar você neste momento difícil, né? Nesta mesma fase a visão começa a ficar duplicada (e em alguns casos, mais graves, até triplicada!). Se para algumas coisas a visão duplicada pode ser uma boa, por exemplo, fantasticamente duplica seu dinheiro na carteira, por outro lado amigo, imagina você duplicar sua sogra ou então seu chefe? Afff, socorro, hein!;
- Fase das pérolas: geralmente é a fase mais hilária da embriaguez. Nessa fase o “bebum” vira filósofo, político, terapeuta, assistente social, etc. Censura e discernimento são algumas coisas que fogem do controle. Essa fase antecede o coma alcoólico (que trágico!). Muitas vezes as frases são desconexas, sem sentido algum... é a fase que ninguém mente e a sinceridade aflora. Querer conversar inglês com o guardador de carros é comum. É de praxe também dar conselhos para morador de rua largar a bebida (olha a ironia). Os amigos começam perder a paciência, não conseguem colocar o embriagado no carro pra levar embora.
Uma vez colocado no carro pra ir embora, o bêbado ainda se acha em condições de bancar o GPS guiando os amigos até sua casa, ajudando na manobra do carro, enfim...
Entretanto, meu amigo, a sobriedade volta acompanhada, é claro, de uma dorzinha insuportável de cabeça no dia seguinte. A amnésia pós-bebedeira é necessária, não é bom lembrar as sinceridades que você disse a quem não poderia.
A sorte é que o guardador de carros e o morador de rua não vão se lembrar de você, não é verdade?
E fica o lema da embriaguez desregrada: “se eu não lembro, eu não fiz!”. Simples assim.

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