sexta-feira, 27 de maio de 2011

DE REPENTE 30!


Outro dia parei para pensar em algumas coisas, algo do tipo, retrospectiva da vida e me espantei... como tudo passou rápido!
Nasci na fase mais frouxa da ditadura, era muito pequena quando chegou a tal da anistia. O país borbulhava pela “Diretas já”, mas só sei disso porque acompanhei nas aulas de história e noticiários, afinal, acho que nem sabia ler.
Sou da época que as casas tinham apenas uma TV, muitas vezes, preto-e-branco e, além disso, tínhamos que fazer o esforço de levantar as nádegas do sofá para trocar de canal. Aliás, naquela época eram no máximo uns 5 canais, isso quando o Bombril da antena melhorava a imagem. Para mudar o canal, nada muito parecido com o controle remoto, era uma “bolinha” que girava na própria televisão mesmo.
Sou da época que os melhores amigos eram os primos, afinal, era uma média de 3, 4 filhos por casal, depois que as famílias foram diminuindo. Minha mãe largou o emprego e resolveu ser a dona-de-casa. Nada de creche ou escolinha, pelo menos, não antes dos 4 ou 5 anos. Sou da época em que a vó era aquela senhora gordinha, com cabelos brancos, com no mínimo uns 6 filhos já criados (isso quando não eram 14, no caso da minha avó paterna), nada de botox ou academia pra manter a forma. Além disso, dava conta de umas 10 crianças de uma vez, entregando os pentelhos inteiros, limpinhos e arrumadinhos para as filhas e noras no final do dia. Fora os quitutes do lanche da tarde, porque os netos precisavam crescer fortes e gordinhos...esse negócio de obesidade infantil não era a preocupação do momento.
No final da tarde, todos quietinhos na frente da TV para ver a sequência: Magaiver, Sítio do Pica-pau amarelo e Armação Ilimitada...depois era a vez da vovó, a novela das 18h, que realmente começava às 18h, ia começar.
Sou do tempo em que tinha que assoprar a fita do tal do Atari pra ela funcionar e olha que tinha apenas 2 jogos (que eram originais e não piratas): o Pac Man e o Enduro (nossa, aquela corrida noturna era de matar). Videogame sem controle? Nem dava pra imaginar!
Na minha época, minha mãe, nem meu pai tinham celular. Telefone fixo era super caro, raras as casas que tinham pelo menos um. Os correios deviam trabalhar bem mais.
As férias eram na Praia Grande mesmo. Já que ia pra praia uma vez por ano só, porque não chamar os parentes, não é? Era tudo muito simples. Era só colocar o bagageiro em cima da Brasília amarela, o motorista, o passageiro, mais umas seis pessoas no banco traseiro e duas crianças lá atrás. Cinto de segurança? Cadeirinha pra criança? Assento de elevação? Pra que? Afinal, o código de trânsito só iria ser aprovado mesmo em 1998. Pedágio já tinha alguns. Mas eram só quase 600 Km nessa situação, né? Nada tão insuportável assim.
Sou da época que tínhamos que pedir “bença” pra todos os tios (e era muito tio, viu!), pra vó, pro vô...etc. O fato de aprontar alguma travessura ou mal-criação já era motivo de ter uma “conversa séria” com o pai depois que ele chegasse do trabalho. E eu vou te falar viu, essa “conversa séria” às vezes doía mais que uma surra de cinto.
Sou da época que os preços eram remarcados todos os dias com aquela maquininha barulhenta. Durante toda minha vida, acredito que tenha presenciado mais de seis trocas de moedas nacionais, no mínimo. Guloseimas em casa eram contadas e divididas em igualdade com os irmãos. Tínhamos que levar lanche de casa, porque o pai não tinha dinheiro todo dia pra dar pro filho gastar na cantina da escola. Andar a pé não era esporte e sim necessidade. Era um carro por família e olhe lá.
Sou da época em que o Lula era o maior subversivo do Brasil. Nunca pensei vê-lo presidente e muito menos pensei em ver o meu pai elogiá-lo...nossa, como ele xingava esse Lula!.
Comprar roupa? Pra quê se tínhamos tios e tias alguns anos mais velhos só. “Sua roupa não serve mais, passa pra sua irmã!”, pouco importa se a moda já era.
Sou da época que muitos saíram às ruas com as “caras pintadas” para pedir que o presidente “galã” fosse embora. Nessa fase já estava entrando na adolescência, mas não entendia nada, só sei que as pessoas não podiam pegar seu próprio dinheiro da poupança e eu...eu ainda era fã da Xuxa!
Depois disso parece que tudo começou a andar mais rápido. Minha mãe teve seu primeiro celular, enorme e símbolo máximo de status. Usá-lo na cintura era demais.
As pesquisas da escola ainda tinham que ser feitas nas bibliotecas e copiadas à mão para o caderno. Minha mãe não me deixava ver a novela Pantanal, dizia ela que tinha cenas muito pesadas pra minha idade.
Os primeiros computadores começaram a surgir. No meio da minha adolescência o Papi comprou um pra gente. O paint era o melhor, nossa, altas “artes modernas” foram produzidas! Acesso à internet, só mais tarde e discada. Tinha horário pra entrar, só à noite e de fim de semana, afinal, telefone era caro e além de tudo ficava ocupado.
As coisas foram mudando, fui crescendo e as responsabilidades também. Era hora de começar a me decidir na vida. Decidir a profissão, estudar...começar a namorar (haha, essa parte meu pai demorou aceitar). Enfim, depois de tanto penar em um dos vestibulares mais concorridos do país, entrei na melhor Universidade, me formei, continuei nela, casei e ainda não tenho filhos. Hoje tenho a minha casa, o meu cachorro, divido as contas da casa com meu marido e não tenho que pedir autorização para os meus pais pra sair e muito menos avisar a que horas vou chegar.
Nunca pensei que teria 5 contas de e-mail e me envolver tanto com redes sociais como faço agora. Minha vó sempre avisou que era perigoso conversar com estranhos e agora os “estranhos” “me seguem” e eu “sigo” os estranhos. E o pior, tem muito estranho que tem um papo muito mais interessante que muitos “conhecidos”. Como explicaria isso pra minha vó, aquela velhinha à frente de seu tempo (por incrível que pareça), que ficava brava de ver o Seu Madruga apanhando da Dona Florinda? Ela não entenderia.
Acredito que sou de uma época privilegiada. Pude acompanhar, mesmo que superficialmente, alguns acontecimentos importantes da história do Brasil e do mundo. Sou da época em que pai, mãe e avós tinham que ser respeitados e que a palmadinha não era crime. De repente, estou pertinho dos 30... e com um detalhe: o Sarney, de alguma forma, ainda está no poder!
Há 30 anos... 

quinta-feira, 12 de maio de 2011

O mês de maio: além de mês das mães e das noivas, mês dos enfermeiros! 12 de maio- DIA DO(A) ENFERMEIRO(A)

PESSOAL, REPUBLICO UM TEXTO MEU QUE ESCREVI HÁ 2 ANOS ATRÁS - PARABÉNS COLEGAS ENFERMEIROS.



Pretendo hj enaltecer minha profissão, profissão na qual caí meio que de pára- quedas e aprendi a amar, afinal, "Deus escreve certo, por linhas tortas".


12 de maio: dia do enfermeiro e das enfermeiras!!!


Apesar de não estar diretamente atuando no cuidado, procuro nunca me esquecer que o objetivo é sempre trabalhar para o bem - estar daqueles que precisam de cuidados e faço isso por meio da pesquisa. Por mais que seja difícil para alguns entenderem, enfermeira faz pesquisa sim, publica artigos em revistas internacionais e nacionais, conseguem recursos para pesquisa (mais que muitos outros profissinais por aí, quando se sabe trabalhar sério e mostrar serviço - benditos sejam CNPq e FAPESP), defende teses e dá aulas... e o melhor de tudo isso, são reconhecidas.


Gosto do cuidar, diferente do tratar, pois CUIDAR envolve muito mais sentimento! Por mais que muitos pensem que é natural, não é fácil para o profissional da enfermagem lidar com o sofrimento, com a morte... muitas vezes sofremos juntos, imaginamos a dor e tentamos minimizá-las.

CUIDAR, leitores, é colocar-se no lugar do outro (o que TODOS deveriam fazer, independente da profissão, assim o mundo seria mais ético!) e isso , muitas vezes, é muito doloroso... por quê? Porque tantas vezes não podemos e nem conseguimos mudar a história.


Sendo enfermeira, aprendi a ser um pouco mais tolerante, menos preconceituosa, afinal, os erros alheios no momento de CUIDAR não importam... está em nosso juramento, eu jurei isso!


A recompensa?

A recompensa na maioria das vezes não é material, não vem no holerit e nem por meio de contas-salário. A recompensa vem quando os sinais vitais se normalizam, quando os exames melhoram e até mesmo quando ganhamos uma banana ou maçã que o paciente guarda do seu desjejum para nos dar de presente...

A recompensa do VERDADEIRO enfermeiro está na gratidão daquele que está sob nossos cuidados...

Por mais que minha experência com a prática seja pouca, a melhor recompensa que recebi até hj foi perceber nos olhos de um paciente que não mais podia se comunicar pela fala e infelizmente com um câncer irreversível em fase terminal, um "MUITO OBRIGADA POR ESTAR COMIGO"...isso, NÃO TEM PREÇO!


Colegas enfermeiros, por mais que não sejamos finaceiramente e nem por status bem reconhecidos, apeguem-se à gratidão daquele que vc cuida e agradeça a Deus por estar podendo doar e prestar serviços aos que precisam de ajuda, pois , com certeza, se mais adiante precisarmos da mão que segura a outra no momento da injeção, da mão que traz o cobertor para amenizar o frio, da mão que auxilia na dor... lá estará ela!


Parabéns aos que escolheram essa profissão abençoada por DEUS!


Ser enfermeiro é um dom!