domingo, 26 de junho de 2011

A CONVENIÊNCIA DAS PREMIAÇÕES


Tenho notado os excessivos eventos destinados às premiações de pessoas e
empresas que vem acontecendo em Ribeirão Preto. Em virtude disso, resolvi procurar
em um dicionário o significado da palavra “premiar”, não que não saiba, mas a língua
portuguesa tem algumas armadilhas e não gostaria de ser injusta, uma vez que diferentes
significados podem ser destinados a uma única palavra.
Assim, encontrei no dicionário Michaelis as seguintes definições para o verbo
premiar, sendo: distinguir, recompensar com um prêmio, conferir, por sorteio, prêmio.
Frente a isso, a pergunta é: se o prêmio não se dá por SORTEIO, penso eu que
CRITÉRIOS devem ser estabelecidos para recompensar pessoas ou empresas, ou não?
Bom, pelo que ando acompanhando em revistas destinadas a acontecimentos sociais e
mesmo programas televisivos a respeito de tais eventos, o conceito do PREMIAR, em
alguns casos, não se dá nem por sorteio e nem por merecimento pelo reconhecimento de
mérito ou qualidade.
Eventos “encomendados” mostram-se freqüentes em nosso meio. Parece-me,
muitas vezes, um delivery ou melhor um “disque-eventos para premiações”. Com uma
tamanha falta de critérios, esses eventos tornam-se praticamente uma distribuição
ridícula de troféus e títulos, ficando evidente a conveniência nas premiações.
As relações humanas ocorrem pela empatia e pela conveniência, não
necessariamente nesta ordem. Por que seria diferente com prêmios e títulos distribuídos
na nossa querida cidade, não é? Pois bem, desde já então, declaro aqui que esta é a
melhor crônica publicada nesta revista e pela melhor cronista da região (momento “tô
me achando” mode on). Que critérios utilizei para dar-ME tal prêmio e constituir à
minha pessoa essa enorme credibilidade? Ah, vá! Isso pouco importa! É conveniente
pra MIM ser a melhor cronista da região e essa a melhor crônica publicada pela revista.
Desde já, encomendo a alguma empresa “que não se preze” organizar o evento. Pode ser
coisa simples: coquetel, plumas, paetês (tudo muito brega, como é praxe)... E não se
esqueçam... muitas, mas muitas pessoas para me aplaudir, afinal, eu mereço. Evento
encomendado? Troféu comprado? Critérios inexistentes? Pronto. Pois, é leitores, é isso
mesmo que anda acontecendo em nossa cidade, reparem.
Enfim, penso eu que para haver premiação tem que ter critério, não adianta
querer forçar ou impor o “mérito” a alguém e muito menos, em alguns casos, a
qualidade “duvidosa” de uma empresa ou instituição à sociedade... Gente, isso é feio!
Puxa-saquismo e “rabo-preso” têm limite sabia?
Assim, é bom que a sociedade tenha discernimento sobre as tais premiações
por conveniência que viraram epidemia. Premiação leitor, só com critérios muito bem
definidos para realmente recompensar os merecedores do troféu.
Aguardo o meu troféu, afinal, pelos meus critérios, eu mereço e muito!

TEXTO PUBLICADO NA REVISTA EVIDÊNCIA DE JUNHO-ÚLTIMA PÁGINA